terça-feira, 1 de março de 2011
Abissal
Ele guardou um segredo
Sobre suas próprias fraquezas
E jogou num bau raso
Que enterrou num jardim perdido
Para que nunca mais lembrasse
Quão fraco fora no passado
No caminho de volta
Aprendeu a esquecer de tudo
E o passado enterrado
Não mais o afetava
Nada mais importava
Senão o futuro aguardado
Daí em diante foi vitorioso
Como nenhum jamais conseguiu
E tudo o que fazia era bom
Tudo o que dizia era correto
Tudo o que ordenava, obedecido
E tinha muito sucesso
O baú apodreceu, talvez
Mas isso pouco importa
Pois a terra absorveu
Todo seu sigiloso receio
E no baú, sumiram de certo
Suas falhas rasgadas ao meio
...
De certo nada havia no baú
E nenhuma linha havia ainda
Nas frases vazias nunca escritas
Por mãos receosas, porém francas
Quando todo o segredo ausente
Foi acobertado por raízes
Nunca houve um segredo
Porque nunca houve medo
Nem tampouco as fraquezas
Estas nunca existiram
Era humilde, porém invencível
E seu mote era a coragem
Papel em branco num baú vazio
Apodrecido num abismo frio