terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Silêncio

Silêncio é o que eu escuto
quando você não está por perto
Barulhos que teria ouvido
de coisas tantas que teríam acontecido
Ás vezes o silêncio me ensurdece

Ás vezes o silêncio é tangível
Como cortina imóvel de vidro
entre cacos despedaçados de mim
Quando você não está por perto
ouço o silêncio em mim mesmo

É como a tarde que cai sem ruído
no enluarar solitário
Eu estrela, envaidecido
choro ao contemplar narcisista
Meu reflexo n'água espalmado

Meu reflexo é nada, é vazio
Como o nada no escuro, é perene
um silêncio como o som dum morto
Suave presença na tua ausência
de ti recordo vagamente absorto

Silêncio é não ter te conhecido
nem te amado um pouco
Sinto a falta de teu ausente ruído
acalentando meu coração frio    
Não ter teu amor é estar morto

Não ter teu amor é estar louco
É canção emudecida
É um ouvido surdo
Num chorar miúdo e meloso
Da carência de amor ruidoso.