Tenho vinte e cinco anos e sou aficionado por corujas desde criança. Sempre gostei do animal, que apresenta um semblante tranquilo, mas ao mesmo tempo alerta para qualquer situação, qualquer movimento.
Quando comecei a estudar, aprendi o simbolismo que envolve a imagem da coruja - sempre representante de conhecimento e sabedoria - e, talvez por isso, minha afeição pelo animal só fez aumentar, tanto que considero a coruja uma das aves mais bonitas dentre todas as existentes (ao menos as que eu conheço, obviamente).
Meu fascínio é tão grande que iniciei, faz algum tempo, uma coleção de réplicas de corujas, mochos e similares. A maioria retrata o porte e o semblante do animal com fidelidade, salvo as réplicas talhadas em pedras naturais ou representações artísticas particulares. A imagem da ave me traz tranquilidade, talvez transmitida pela serenidade natural da espécie.
Mas porquê resolvi escrever sobre isso?
Existe um sentimento místico que envolve a imagem das corujas, algo de supersticioso, oculto. Muita gente acha que são animais agourentos, sombrios ou coisas do tipo. As pessoas associam crendices populares utilizadas para que as crianças durmam cedo, por exemplo, com fatos. Há quem diga e garanta que as corujas são sinal de azar e até presságio de morte, e por essas crenças tolas, muitas corujas são mortas ou feridas em cidades interioranas. A crendice torna-se tolice.
O cúmulo do absurdo, experimentado por mim, foi ouvir que eu não tenho (ou trago) sorte na vida porque gosto de corujas, ou que terei azar na vida porque tenho réplicas de corujas em casa. Quase patético.
Não sou uma pessoa rica, mas vivo uma situação estável e confortável. Gozo de boa saúde, não tenho pesadelos ou visões apocalípticas, casei com uma mulher linda e carinhosa, tenho sorte no jogo e um bom trabalho. Não sei se as corujas me ajudaram a alcançar estas coisas (acho que não), mas tenho certeza de que nunca me prejudicaram ou, como gostam de dizer, "atrasaram minha vida".
Tenho uma miniatura de coruja em minha mesa no trabalho, e tantas outras em casa, e garanto que, no máximo, elas me trazem bom agouro. Jamais ousaria ter uma coruja em cativeiro, mas caso alguma resolva instalar-se em meu quintal de casa um dia, farei o possível para mantê-la confortável durante sua estadia, como faria com qualquer outro animal silvestre.
Quem traz azar é quem vive falando de azar. Não venham culpar uma pobre ave, quando a raiz dos problemas está dentro de cada um.
Vida longa às corujas!