segunda-feira, 25 de julho de 2011

Patriota

Continuar em frente
Mesmo com o frio da noite
E a chuva fina nos olhos
Para minha alma um açoite

Por entre vãos alagados
Continuar em frente
Com o peso de minhas armas
Mesmo estando cansado

Sob o sol escaldante
Ressecando minha pele
Continuar em frente
É a força que me impele

Dever cumprido é obrigação
Missão dada, missão aceita
Farei meu corpo decadente
Continuar em frente

Enquanto houver esperança
E mesmo sem nenhuma
Devo seguir e imponente
Continuar em frente

Muitos cairão ao meu lado
O fracasso não é aliado
Continuar em frente
Jamais ser derrotado

Pelo meu sangue e suor
Continuar em frente
Por aqueles que prezo
Por meu amor e meu teto

Continuar em frente
Nada me impedirá
Só a morte me intimida
Mas não me vencerá

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Son of the Sun

Dê-me areia e pedras
Abaixo do Sol escaldante:
Eu construirei tua pirâmide

Tudo que aprendi
Aprendi com você
E registrei com óleo escuro
Sobre a trama de papiro
Trançada por mãos imaculadas
Isentas de suor ou sangue

Os pilares de Karnak
Tracei com réguas invisíveis
E cálculos inimagináveis

Conhecimento distribuído
A tudo e a todos
Da imensa coroa de fogo
Eu recebi boa ventura
Contínua como Ouroboros
De amplitude infinita

As asas dos homens
Têm o comprimento das suas mentes

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Lúmen

Aquele brilho
Eu lembro bem
Fecho os olhos
E vejo também
De olhos fechados
Eu vejo tão bem

Faróis de automóveis
Lâmpadas incandescentes
Reflexos esparsos
Passados presentes
De olhos fechados
Eu vejo tão bem

Relâmpago nos céus
Lampejo de claridade
Rasgam o negro véu
Da minha insanidade

terça-feira, 19 de julho de 2011

Bestial

É sob as pedras
Que me esfriam em sombra
Que eu me recolho

O que eu escolho
É observar o mundo
Por entre frestas

E é por estas
Que em noites frias
Eu me aqueço

Pois não mereço
Nem em devaneio
Carinho ou festas

Não tenho asas
Mas vôo longe
Na minha cabeça

E não te esqueças
Se me procuras
Logo me encontras

Pois entre as águas
Sou a criatura
Que a ti afoga

Como uma droga
Eu te transformo
Em pedras alvas

Foge e te salvas
Pois de perigo
Me alimento

E em teu último alento
Não hesitarei
Em destruir tuas sobras

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Tu

O toque de seda
Da sua pele
Muito me atrai

Com os cabelos
Da cor que todos os outros
Deveriam ter

Na silhueta perfeita
Que anseio percorrer
Com a palma das mãos

E perfume natural
Que impregna meus sentidos
De pura atração

É beleza que cega
Olhos incautos
De deslumbramento

E presença viciante
Que em leve ausência
Causa sofrimento

De certo não sei
O que da vida faria
Sem tê-la por perto

Sorte minha que a tenho.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Fulo

Proponha-me alguma coisa
Qualquer coisa
E eu negarei prontamente

E nada me peça
Pois de bom-grado
Nada ofereço

E das suas perguntas
Nenhuma respondo
Nem mesmo as ouço

Tudo o que dizes
Dizes em vão
Pois tudo ignoro

Nem mesmo os gestos
Estes eu evito
E os detesto

Se provocado
Não retrucarei nada
Ficarei calado

Pois só mereces o meu silêncio
E talvez nem este
Seja a ti ofertado

Se em milagre pudesse
Ouvir o que escrevo entoado
Então teria gritado

Só para ver contrariada
Tua face irritada
De susto tomado

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Remorso

Estive no topo
Olhando para baixo
Do alto sublime
Eu era o topo

E vi lá embaixo
Criatura sofrida
Que era você
Desfalecida

E me curvei
Em piedade
Prestando socorro
Com caridade

E te lancei as mãos
Erguendo tua existência
De ti fiz com cuidado
Criatura nova

Enérgica
E renovada de fato
E tudo tinhas
Pois retirava de mim

Nutria-se
Como erva-daninha

Por conta de teus caprichos
Eu caí
De rosto na terra
E pedras nos olhos

E de lá contemplei
Tua glória egoísta
Teu sarcasmo crescente
Insana e demente

Eu te vi escarnecer de mim
Por entre as minhas nuvens

Fechou minhas cortinas
Para esconder minha queda

Tolice
Jamais há derrota para o invencível

Ainda em terra hoje
Faço nutrir me em vingança
No aguardo do momento
Do retorno à bonança

Eu atingi o fundo do poço
Aprisionado em teu calabouço

E escapei.

Explorador

Incansável
Com sua sede de conhecimento
Fomentando descobertas

Explorador
No achado de todo dia
O oculto é o teu guia

Somos diferentes
Como gotas de água e óleo

Destemido
Vasculhando todo um infinito
Revelando o que há de mais bonito

Audacioso
Correndo atrás do sucesso
Desvelando a poeira por baixo dos panos

Somos diferentes
Como gotas de água e óleo

sábado, 9 de julho de 2011

Helianthus

Não lembro se estive de pé
E se estive, se caminhei
Porque pareço deitado
Mas meus pés tocam nuvens

Desenho traços irregulares
Sigo traçando
Com pena de aço
Que corta horizontes

E das coisas que eu gostava
A melhor era você
Mas isto era quando eu andava
De pés descalços no chão

Agora eu gosto do calor
Quando chegam os dias frios
Ou da chuva fina
Sob sol escaldante

Caminhei convosco
Pelas rotas humanas e banais
Eu olhei na vossa face
Mas não me reconhecestes

Vergonha!

Das coisas que eu gostava
Você não queria saber
Olha agora para o céu:
Eu sou o infinito sobre tua cabeça

Acima de tudo e de todos
Permaneço deitado pisando nas nuvens.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

O enforcado

Boas ações não precisam ser minimamente planejadas
Boas intenções não garantem satisfação mútua
Eu cuido de você como se fosse única
Submersa em amor

Minhas asas são curtas e tortas
Mas carregarei sua presença brilhante
O mais alto que puder alcançar
E alcançarei as estrelas

Não faça promessas
Nem julgamentos
Eu acredito nos seus olhos
E no reflexo da sua alma

E quando em lágrima navego
Busco apenas teu afago
Mesmo sem nunca tê-lo sentido
Ou talvez nunca tê-lo notado

Isolado de qualquer desejo ou ambição
Eu cuido de você como se fosse única
Submersa em amor

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Ricetta d'Amore

Come sarebbe il miglore modo d’amare,
Di quale maniera cultivare l'emozioni?...
Su la stanchezza delle mie desillusioni,
Una ricetta d’amore sono andato a cercare.

In che consiste l’amore certo, ideale?...
Nella poesia, le risposte ho cercato,
Nei miei tronchi di antichi casi ho rovesciato,
Per concludere che debba essere essenziale,

Infinito, molto forte in grandezza,
Impeccabile, raro e dolce – in purezza
Esemplare, appogiato in lealtà,

Gerare desideri, eterna fonte di passione,
Nave serena in mare di comprensione,
A flutuare in onde di felicità...

(Oriza Martins)

terça-feira, 5 de julho de 2011

Shards of my mirror

I've been so selfish and proud of my ignorance
There's nothing a man can do to taste freedom
Nothing that's really worthy

I keep my secrets from everyone because I'm ashamed
What have I done to the world?
Please be gentle with children!

You ask me:
Is there any final wish to a condemned man?
I ask you:
When did mankind turn it's wisdom into madness?

I close my eyes quickly to wait for the right moment
Inertia made my legs weak

I shed a tear while you
Played a piano requiem for our final hour